Entrevista con Graciela Selaimen del Nupef dela Red de Informaciones para el Tercer Sector - Rits (www.nupef.org.br)


1. A RITS fez pesquisa em telecentros? Se sim, possuem informações sobre qual(is) seria(m) qual o(s) maior(es) programa(s) de telecentros no Brasil? Existem projetos federais de inclusão digital?


Em relação a inclusão digital, atualmente existe uma chamada pública aberta pelo Ministério do Planejamento para fortalecer o trabalho que já existe. A previsao é amplição de 5 ou 7 mil, não tenho certeza.


No projeto Telecentros de São Paulo, no qual a Rits participou até 2005, fizemos uma pesquisa com recorte de gênero utilizando a metodologia GEM, desenvolvida pela APC.


2. Como a RITS analisa o uso da internet pelas mulheres no Brasil?


Dificil de analisar o uso da Internet como um todo, de maneira geral, pelo fato do uso da Internet variar em função das várias realidades, vários alcances:renda, diferenças regionais, vários fatores que vão indicar o uso diferenciado entre as mulheres, mesmo diante da mesma educação, em função da própria infra estrutura de acesso a TICs (infraestrutura de telecomunicações, banda larga). Impossível de responder, sem um recorte mais fechado.


3. Como vêem o uso de TIcs pelas organizações de mulheres?


Uso incipiente, embora exista o aumento da presença das organizações na internet, espaço de presença do conteúdo feminista com sites, do conteúdo das orgnizações, nao temos uma plena apropriação, o uso estratégico é muito incipiente diante das possibilidades oferecidas pelo que se convencionou chamar de Web 2.0, por exemplo.


O que temos são algumas iniciativas de campanhas e articulações que devem ser vista como o uso básico da rede, é o início de um pensar estratégico, de um pensar na capacidade do uso mais amplo e efetivo das TICs. O que temos hoje mais intensamente é o uso da Internet como vitrine.

Por sinal, na pesquisa que Magally Pazello realizou sobre direitos sexuais e reprodutivos em redes socias, com uma mapeamento amplo e profundo, colocou-se que os grupos religiosos estão se articulando em redes sociais e outros espaços dinâmicos com mais agilidade de resposta aos temas do que o movimento de mulheres. O uso efetivo da Internet ainda nao é uma ação tão planejada pelas organizações.


4. Como vêem o uso das TICs no combate ou promoção da VCM?


TIC ainda é mais usada na promoção da VCM, do que no combate. Pensar a VCM, e uso simbólico, nao é so pensar em conteúdo. Tem outras questões que merecem atenção e cautela. Marcos regulatórios, como por exemplo, sobre direito a privacidade. Deve se olhar numa perspectiva muito mais ampla os debates em torno dessa questão. Tem que ter cuidado Safernet, nao fala intensivamente de VCM, foca mais discurso da CPI da pedofilia.


Violência contra a mulher não é um tema suficientemente debatido. O discurso sobre segurança, mesmo que em nome da proteção às crianças, tem que ser tratado com mais reflexão e cautela para não ser utilizado como argumento para medidas de censura e vigilantismo. Segurança não pode ser contraponto à privacidade.


Existe possibilidade de harmonizar estes direitos, com politicas públicas e marcos regulatórios amplamente discutidos com a sociedade.


O debate atual, sem incluir em sua pauta o balanço entre segurança e privacidade, pode abrir precedentes onde o Estado pode fazer o que quiser em nome da segurança. Isso já acontece em outros países. Políticas de privacidade é algo importante para as mulheres.


5. Quais as potencialidades e limitações do uso de TICs para combater a VCM?


Potencialidade: estratégias efetivas; a web 2.0 possibilita capacidade de articulação de pessoas com idéias parecidas, e formação de grupos que podem atuar colaborativamente, possibilita a mobilização ampla de pessoas em torno de uma causa ou um fato. Porém, o uso destas ferramentas precisa ser melhor explorado, e para isso é necessário sensibilização e capacitação.


É necessário sensibilização e capacitação sobre as TICs, ganhar o entusiasmo das mulheres, mostrar como pode ser utilizado, falta percepção sobre essas possibilidades.


Uma dificuldade é a perspectiva de regulação e politicas públicas. Algo que incomoda é ver a ausência do movimento feminista no debate global sobre governança da Internet que já acontece faz 4 anos na ONU. Eu participo diretamente, e posso dizer que quase não existem representantes do movimento de mulheres da América latina.


6. Como usar TICs no combate a violência simbólica exercida também através do uso de TICs?


Da mesma maneira, trabalhando a partir de uma perspectiva de política pública e regulação, que vem depois de educação e formação. Só conseguimos combater VCM a partir de regulação específica, espaços de defesa e reflexão sobre violência on line.


Falando de internet, falta espaço de reflexão, é muito díficil regular conteúdo, podemos ser acusados de censura ou adotar um discurso estratégicamente desinteressante no futuro.


Precisamos de muito mais gente envolvida nisso, passa por construção de política pública especifica.


7. Qual recomendações à SC e ao governo brasileiro sobre o uso de TICs nas políticas publicas especificas para mulheres, especialmente combate, prevenção e denuncia da violência domestica e familiar?


- uso da internet pelo governo ao combate VCM precisa ser priorizado e melhorado; adoção de estratégia de comunciação em todos os níveis devem se adequar se atualizar.


- maior investimento em desenvolvimento de sensibilidade para potencialidade da internet nos projetos de telecentros comunitário, na inclusão digital do governo ferderal. É preciso levar significado para as ferramentas como instrumento de trasformação social e defesa dos grupos que estão mais vulneráveis a violação de direitos, componete necessário para qualquer política pública em um sentido mais amplo.


- oferta de ferramentas de comunicação, interação, como denúnia, existem várias possibilidades de construção de conhecimento, e efetivação de defesa de direitos que o governo poderia abraçar.


- Sociedade civil precisa de mais foco, agenda dos movimentos precisam incluir as TICS.


Precisam buscar mais formação e interação com outras organizações fora do movimento de mulheres, sobre democratização de políticas públicas de TICs, governança, parcerias estratégicas. (recomendação para sociedade civil em geral, não apenas feministas)

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